O objetivo deste artigo é examinar efeitos de oficinas de contação de histórias realizadas com idosos, em situação de vulnerabilidade social, participantes de uma organização não-governamental em Salvador, Bahia. O método foi a pesquisa-ação. A análise partiu de repetidas leituras das narrativas coletadas, visando à construção de categorias que emergiram, desde falas transcritas a posturas corporais registradas em vídeo. A leitura das transcrições foi conduzida no sentido de agrupar categorias emergentes e significativas a serem confrontadas com o estado da arte sobre a temática. Dentre os resultados obtidos, chamam a atenção: promoção de participação engajada pelos sujeitos; ressignificação de estereótipos socialmente construídos sobre a velhice; ampliação do senso crítico e de exigências por condições de vida mais respeitosas; alargamento de perspectivas futuras e realização de projetos pessoais; estabelecimento de vínculos em função da conscientização sobre senso de pertencimento; fortalecimento da memória; liberação da ludicidade e criatividade. Por fim, apontamos para a relevância e efetividade deste trabalho de pesquisa participativa, na qual todos os sujeitos implicados são pesquisadores e promotores de sua própria história e de processos criativos emancipatórios. É possível supor que tal intervenção pode ser replicada com outros grupos, respeitando-se as especificidades de cada contexto.